quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Quando Deus não é Suficiente

Por: Scotty Smith

“Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra repouso em ti” (Agostinho, Confissões).

“Há um vazio no coração do homem do tamanho de Deus que não pode ser preenchido por qualquer coisa criada, mas somente por Deus, o Criador, conhecido através de Jesus” (Blaise Pascal, Pensées).

Então, vieram ter comigo alguns dos anciãos de Israel e se assentaram diante de mim. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração, tropeço para a iniquidade que sempre têm eles diante de si; acaso, permitirei que eles me interroguem? Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tem tal tropeço para a sua iniquidade, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos; para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos (Ezequiel 14:1–5).

O coração novo que temos em Cristo está ainda em processo de aperfeiçoamento, e quando Deus, de forma funcional, “não é suficiente”, nossas ansiedades e medos tomam conta, e então, saímos em busca de deuses projetados e pseudosalvadores. O que isso significa?

No início de Ezequiel 14, podemos escutar a conversa fascinante que ocorreu entre o profeta e Deus. Eis o contexto: Ao invés de apresentar e contar a história de redenção de Deus às nações, Israel havia sido gradualmente atraída para a adoração dos deuses das nações vizinhas.

O impulso de Israel à idolatria não aconteceu porque o povo ficou entediado com a liturgia de seu templo, encantado com a música das bandas de adoração nos templos pagãos, ou impressionado com a oratória do novo profeta cananeu que tinha acabado de se mudar para o bairro. Ninguém em Israel saiu em busca de um novo culto de adoração, mas de novos deuses que os servissem. O centro de sua adoração mudou de Deus para si mesmos. Eles começaram a adorar a adoração mais do que adoravam a Deus—isto é, o seu relacionamento com Deus se tornou utilitário ao invés de doxológico.

Quando a glória do único Deus vivo deixa de ser a nossa principal paixão na vida, a adoração se torna um veículo pragmático para realização de duas missões na vida: provisão e proteção. Ao invés de viver para a glória de Deus e buscá-lo para suprir nossas necessidades, passamos a existir para a nossa glória e a buscar deuses que satisfarão nossas exigências.

E como Deus reage a isso? Três fases se destacam para mim nessa passagem crucial—cada uma delas enfatiza o quão obstinadamente Deus nos ama em Cristo e quão incansavelmente ele busca o afeto de nossos corações.

O lamento de Deus: “Estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração”.

Nós somos bem capazes de levantar ídolos físicos em qualquer lugar. Mas quer seja um bezerro de ouro no pátio ou um carro novo na garagem, a principal habitação da idolatria é o coração do homem. As obras de nossas mãos ou as palavras de nossas bocas fluem simplesmente do que está acontecendo nos santuários de nossos corações. O clamor de Deus, e  mandamento, para nós é sempre “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26). Ele terá os nossos corações, porque somente Deus é merecedor disso.

A promessa de Deus: “eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos”.

Apesar de sua paciência ilimitada, o amor de Deus por seu povo o impele a agir com poder e, se necessário, de forma dolorosa. Como Deus nos responde segundo a nossa idolatria? Deus permite que nós experimentemos as consequências sempre destrutivas resultantes da confiança nos ídolos. Somente quando os nossos ídolos falham conosco, é que nós começamos a entender a futilidade e a insanidade da idolatria (Isaías 44). A idolatria carrega um poder de cegar e escravizar. Apenas um poder tão grande quanto a graça de Deus pode acabar com os enganos e destruir as armadilhas da idolatria.

A esperança de Deus: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”.

Conforme eu tenho sido guiado, e às vezes arrastado, no processo de transformação realizado pelo evangelho, poucas palavras de esperança têm tido tanto significado para mim quanto essas. Por que, às vezes, Deus torna a vida dolorosa para nós? Por que Deus escreve histórias que nós nunca escreveríamos; segue uma linha do tempo que nós nunca escolheríamos; e responde as nossas orações de tal maneira que nós pensamos que ele está nos rejeitando? Ele nos dá a resposta: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”. Ninguém nos ama como Deus em Jesus—mesmo que seja necessário nos levar ao cativeiro da Babilônia para nos convencer disso.

O ciúme de Deus por nosso amor é o maior elogio que ele poderia nos fazer, e também o presente mais caro que ele poderia nos dar. Custou caro para Deus porque exigiu a vida e a morte do seu filho; custa caro para nós também porque significa que o amor de Deus nunca nos abandonará. Isso pode se tornar bem perturbador e confuso. Às vezes nós proclamamos: “Nada vai me separar do amor de Deus”, sem perceber tudo o que está implícito em tal declaração. O Deus de amor não tolerará o nosso amor pelos ídolos. Aleluia, e prepare-se.

Rev. Scotty Smith é o pastor fundador da Christ Community Church em Franklin, Tennessee, e é autor de Everyday Prayers: 365 Days to a Gospel-Centered Faith.

Fonte: http://www.ministeriofiel.com.br

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