domingo, 17 de fevereiro de 2013

Seja um valente de Deus

Por: Pr. Márcio Valadão

O valente de Deus é aquele que não teme arriscar-se por um grande projeto. O verso 11 de 2 Samuel 23 diz: “Depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugia de diante dos filisteus. Pôs-se Sama no meio daquele terreno, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o Senhor efetuou grande livramento.” Certa ocasião os filisteus vieram, reunidos como animais ferozes, para destruir Israel. Havia um pequeno pedaço de terra, cheio de lentilhas (hoje elas estão mais baratas que feijão, mas não era assim). Um pequeno pedaço de terra, e os outros israelitas amedrontados, fugiam diante dos filisteus.

Mas diz a Palavra que esse homem chamado Sama, tomou posição no meio daquele terreno e o defendeu. Era um pequeno pedaço de terra, e quando todos fugiam, Sama escolheu ficar. Temos também o nosso terreno de lentilhas e precisamos defendê-lo. Esse terreno pode ser seu emprego, sua família, e quantas vezes os “filisteus minam” silenciosamente ou descaradamente entram no seu terreno de lentilhas para destruí-lo? Precisamos defender os valores da família, a graça de criar os filhos nos caminhos do Senhor. Seu trabalho é seu terreno de lentilhas, defenda-o. Defenda sua honra, sua santidade, seus sonhos. Arrisque.

John Wesley também foi um valente de Deus. Ele foi o fundador da igreja Metodista, e no início da história da Igreja Metodista, ela chegou a ser a terceira força espiritual do Cristianismo, no mundo. E há uma oração que ele escreveu; em uma frase que diz: “Senhor, dá-me apenas cem homens, sacerdotes, ou leigos que não temam outra coisa senão o pecado. Que não amem outra pessoa senão a ti, e juntos derrotaremos Satanás, e implantaremos o reino de Deus na terra.” Que você possa dizer: “Pastor, quero ser este valente.” Sama, um dos três valentes de Davi, defendeu um pequeno pedaço de terra cheio de lentilhas. Lentilhas são tão baratas. Mas existem valores além do dinheiro.

O valente não teme se arriscar por um sonho de Deus. O valente faz sempre além do que lhe pedem, ou do que lhe mandam. O medíocre é aquele que faz somente o que lhe mandam fazer, mas o herói, o valente, é aquele que realiza os desejos do seu líder. Nosso líder é Jesus. Não existimos apenas para fazer o que Deus ordena, mas para agradar o Seu coração. Se você tem dificuldade de fazer o que Deus ordena nunca será um valente de Deus. O valente está sempre disposto a ser quem realmente é, ele não precisa de máscaras. O valente é ilustríssimo anônimo, mas tão conhecido aos olhos de Deus. Viva essa realidade!

Fonte: http://www.lagoinha.com/

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A força de acreditar

Por: Ricardo Gondim

A parábola é conhecida: Certo homem agonizava. Uma vizinha, sabendo da iminência de sua morte, sentiu remorso por ter fofocado e conspirado para destruí-lo. Com pressa de pedir perdão, ainda encontrou o homem lúcido. Ajoelhou-se ao lado de sua cama e implorou que lhe perdoasse. O velho respondeu que perdoava, sim, mas antes precisava mostrar algo. Pediu que a senhora rasgasse o travesseiro e espalhasse as penas ao vento.

- A senhora, por favor, volte amanhã e recolha as penas que o vento dispersou.
- Impossível, ela respondeu.
-Amiga, posso perdoar-lhe – ele concluiu, – mas o mal que você me fez ficará como uma daquelas penas que a brisa levou; nem eu nem você saberemos por onde elas voaram. Você jamais conhecerá as dores ou os desdobramentos dolorosos de minha história devido a suas escolhas.

Vi “Atonement” (Desejo e Reparação) com os olhos suavemente orvalhados. O filme merece crítica, sim. Mas forte o suficiente para me encabular. No escuro do cinema, procurei esconder sentimentos constrangedores. Identifiquei-me com as personagens. A sinopse básica do filme (copiei da internet) é a seguinte: Aos 13 anos, a jovem Briony (Saoirse Ronan/ Romola Garai) demonstra possuir grande talento como escritora; sua criatividade é imensa. Determinado dia, a menina pensa ver a irmã mais velha, Cecília (Keira Knightley), assediada por Robbie (James McAvoy), filho da governanta. Depois de algum tempo, outra prima sofre um estupro. Levada por sua imaginação fértil, Briony tem certeza de que Robbie cometeu o crime, e o acusa. O rapaz vai preso. A suspeita, entretanto, vem da paixão que ela nutre por Robbie, não da realidade. Cecília sofre horrores por ser a única que não acredita na acusação de Briony.

“Atonement” desenvolve uma trama trágica a partir de sentimentos de culpa. Aliás, atonement, palavra inglesa comum na teologia, pode ser traduzida por “expiação”. E expiação, segundo o dicionário, significa “cumprimento de pena”. Nas antigas religiões, atonement se ligava a alguma cerimônia de aplacar a cólera divina, com o intuito de promover reparação.

No filme, Briony destrói um amor que mal teve chance de concretizar-se. Dona de uma paixão infantil, a vilã camufla sentimentos adoecidos em forma de auto-retidão. Mesmo menina, mostra-se capaz de alterar o destino tanto da irmã como de Robbie. O estrago da difamação foge ao seu controle. Suspeitas podem acabar com pessoas – muitas vezes de forma irreversível, sem remissão. Calúnia deixa rastro de culpa, sem espaço para a cura de ninguém.

Somos convocados a cuidar de nossos juízos e intolerâncias. Pessoas sofrem guinadas e vão por caminhos impensados devido a decisões e escolhas que outros fazem. Por isso, prefiramos o próximo em honra; sejamos brandos com todos; acreditemos nas pérolas que o coração esconde. Melhor escolher a dor da decepção às suspeitas raivosas. Partilhemos nossas túnicas, caminhemos a segunda milha, levemos as cargas até de quem acreditamos não merecer. Perdoemos – para o bem deles e nosso. Soli Deo Gloria.

Fonte: http://www.ricardogondim.com.br/

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A lágrima cai

Por: Tais Machado

Nosso país está em luto pela tragédia em Santa Maria/RS. Por enquanto, foram contabilizados 235 mortos. Uma cidade em prantos, famílias desnorteadas pela dor, e o luto se instala numa dimensão avassaladora em muitos. Familiares e amigos choram seus queridos. Até os que ajudam com o cumprimento de seu trabalho, como coveiros e taxistas, encontram-se abalados e buscam ajuda no núcleo psicológico de emergência que foi criado após o incidente. Um enorme sofrimento sobreveio de uma só vez a muitos compatriotas.
O rabino Abraham Heschel dizia que “nossa compreensão da profundidade do sofrimento é comparável ao que é capaz de perceber uma mariposa voando sobre o Grand Canyon”. Será isso mesmo? O que compreendemos a respeito do sofrimento? Como o amor cristão nos conduz em tempos de profunda dor? A fé cristã nos ensina a respeito, nos educa a alma?

Lembro-me da pergunta de Jesus a seus discípulos: “Podem vocês beber o cálice que eu vou beber?’ (Mt.20.22). Me parece que Jesus, ao reconhecer nossa falta de noção, nos faz essa pergunta-convite, a fim de que prestemos atenção para o quanto nossos desejos adoecidos tomam lugar da realidade. Nossa insensibilidade nos faz pedir coisas inadequadas, sem perceber o que acontece ao nosso redor. Nem percebemos que na busca de nosso conforto, de reconhecimentos, ignoramos o que se passa com nosso próximo. O que de fato está acontecendo? Somos atraídos por ilusões, apegados a muletas emocionais (onde nos apoiamos em coisas como dinheiro, suposto poder, suposto saber, etc.).

A pergunta de Jesus ecoa, chegando até nós hoje. E aí aproveito o comentário de Henri Nouwen a respeito desse texto: “Beber o cálice não é simplesmente nos adaptar a uma situação ruim ou tentar usá-la o melhor que pudermos. É uma forma de viver com esperança, coragem e confiança. Isso significa ficar de pé com a cabeça erguida, solidamente enraizado no conhecimento de quem somos, encarar a realidade que nos rodeia e responder a ela com nossos corações”. Sim, talvez atentar para a razão das nossas lágrimas seja uma forma de nos conhecermos melhor. Inclusive, perceber como o evangelho nos transforma, aprofundar como o evangelho nos faz solidários, arranca medos e desconfianças a fim de que o amor ganhe mais espaço dentro de nós, então, vamos aprendendo mais a respeito de estender as mãos para acolher do que agredir, mais sobre abraçar do que competir, mais sobre respeitar do que caluniar, mais sobre chorar com os que choram do que tripudiar em cima das dores do próximo, celebrar com os que se alegram do que invejá-los, e por aí vai.

Vivemos assustados, tentando nos proteger continuamente, correndo atrás do vento, nos apegando a desejos infantis. A dor pouco nos comove, ou, nos perturba intensamente, porém, apenas por alguns instantes e logo nos dispersamos nos muitos afazeres e estímulos que nos cercam.
A necessidade imperiosa de nos distrairmos, fugirmos do tédio, da tristeza, corrermos para o divertimento e prazeres, não termos contato com a dura realidade de muitos que nos cercam denúncia que nossas lágrimas acabam sendo somente por nós mesmos.

“Não deem espaço para o ego à custa da sua alma” (I Pe 2.11 – “A Mensagem”).

Fonte: http://ultimato.com.br/